quinta-feira, 5 de junho de 2008

Memória e História 2

Extraído do livro Chico Buarque: letra e música. Cia das letras, 2004. página 74:

“Nos meses que se seguiram ao festival da Banda Chico não parou um minuto. Era shows e mais shows, viagens e mais viagens. Colossi tinha que apanhá-lo em casa às quatro da manhã, antes que caísse na cama (“do contrário ele não ia”), e o rebocava para o aeroporto. Um desses compromissos o levou, com Toquinho e Ronald Golias, a Patos de Minas, onde lhes caberia animar a Festa do Milho. Houve lances cômicos, já na hora de tomar o avião. Deveria embarcar também um assistente do empresário, Renato Covello, o Renatão, mas com seus duzentos e tantos quilos ele não passou na porta do aparelho, um monomotor. (...) A festa em Patos de Minas foi num estádio de futebol. Só havia dois microfones, e como um deles pertencia ao estádio e o outro à rádio local, criou-se uma situação surrealista: quem estava no campo só ouvia a voz de Chico, sem acompanhamento, enquanto os radiouvintes tinham apenas o violão de Toquinho. O qual, aliás, ao final do espetáculo, estava cheio de milho, pois uma tradição da festa manda atirar grãos sobre os artistas, em lugar de aplaudir.”

4 comentários:

Anônimo disse...

Fred, que escritor teria imaginação para conceber uma história assim? A vida é insuperável. Penso que numa ficção isso soaria inverossímil.

A arte imita a vida.

Mais uma bela contribuição sua para o Marrecos Paturebas.

Rusimário disse...

A História é assim mesmo, quanto menos a gente espera, uma estória surge do nada.

E agora terei mais cuidado e andarei com meu bocado de milho no bolso, caso seja necessário aplaudir alguém.

Frederico de Sousa disse...

Rusimário, para que aplausos para os artistas, se temos algo muito mais natural? Andemos sim, como você disse, com nosso bocado de milho.
Lívio, mesmo soando inverossímil, o livro relata, de forma séria, a trajetória de Chico Buarque.

Nélio Lobo disse...

O violão de Toquinho cheio de milho ao final do show. Isso é realismo mágico!